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O URSINHO DE PELUCHE

Uma história de amor

Autor
JORGE FRANCISCO MARTINS DE FREITAS

Excerto

Madeixas douradas desciam pelo rosto de Amélia, emoldurando flamejantes olhos azuis.

As faces, doces e delicadas como as pétalas de uma rosa acabada de colher numa manhã de primavera, eram colmatadas por um meigo sorriso, vincando pequenas covinhas na cara.

Todos os que tinham a felicidade de contemplar os seus éburneos ombros nus mal reparavam no singelo vestido, por ela usado no dia-a-dia como se de uma farda se tratasse, nem nos calejados pés enfiados numas velhas alpercatas que já haviam servido aos avós.

Detinham-se mais nos airosos passos com que se movimentava, aparentando uma bailarina a rodopiar num ambiente celestial.

Quando falava com alguém, baixava respeitosamente o olhar, articulando pequenas frases com uma polidez que dificilmente imaginaríamos encontrar numa pessoa que vivera toda a vida numa aldeia e que, com muita dificuldade, havia feito os estudos primários enquanto cuidava, como filha mais velha, dos quatro irmãos e do cultivo da pequena horta que envolvia a modesta casa onde todos sobreviviam.

O pai, mais dedicado à bebida que ao trabalho, havia morrido uns anos atrás, deixando desamparada a mãe, uma mulher de rara beleza, que teve de arranjar trabalho como criada de uns senhores da vila, abandonando os filhos um pouco à sua sorte.

Nas noites mais frias de inverno, Amélia, embrulhada numa manta que já vira melhores dias, sonhava com uma vida mais desafogada. Quanto gostaria de ter tido – como as colegas de escola – um ursinho para abraçar, mas apenas lhe restava uma boneca de trapos onde desenhara, com ternura, uns olhos e uma boca.

Este excerto faz parte do livro de contos ENTRE PARAGENS, já disponível em livrarias de Portugal e do Brasil.

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